Antes de começar a ler, faço um pedido:
Se você é adolescente. Leia isso com olhos de quem um dia será pai.
Se é adulto. Leia ciente de que isso pode estar dentro de seu lar.
Um dos problemas que muitos de nós tem detectado, principalmente se pais, é uma coisa que leva o título deste texto.
Estamos nos acostumando como raça a não ver perigo em nada do que nos cerca. Talvez pelo fato de estarmos tão enfiados em rotinas exaustivas com cobranças de sermos máquinas perfeitas de trabalhar e fazer dinheiro. Com isso manter nosso emprego para dar de comer aos nossos rebentos.
Ligamos a televisão e rimos de escárnios e absurdos que hoje em dia são rotulados como humor. Deixamos de ver o limite entre rir de uma pessoa que cai porque é um comediante fazendo graça, para rir de alguém no meio da rua que, preocupado com seu dia-a-dia é atacado por um desocupado que lhe arria as calças e sai correndo como um verdadeiro deficiente mental.
E quem é o pior deles? O que puxa ou nós que alimentamos tal audiência?
A questão de vinte anos, a diversão das crianças era um vídeo game cujos jogos e bonequinhos eram feitos de enormes quadrados e mais se pareciam com aqueles feitos com palitos de picolé na escola. Hoje é muito comum que uma criança converse contigo te dando detalhes de como arrancar a cabeça de fulano de tal e jorrar sangue ao máximo para ganhar X pontos num combo. Ou, um “inocente” código de trapaça para passar de fase.
A corrupção de valores tornou-se algo comum com o passar do tempo. Não normal e precisamos abrir os olhos quanto a isso e entender o que nossas crianças e adolescentes estão aprendendo.
A menos que eu tenha acordado no planeta errado, trapaça ainda tem significado ruim e sangue é sinônimo de vida para muitos. Então, por mais que você queira me encher de desculpas. Qual é a que vai se dar quando perceber que seu filho tem aprendido, desde cedo a roubar e trapacear na vida, começando com “inocentes jogos”?
Por certo algum de vocês dirá: “Ah, mas. São simples jogos!”
Então como você mesmo adquiriu preciosas noções e valores na vida que carrega consigo até os dias de hoje e fizeram de você o que é? Não foi, em grande parte, brincando?
Esta linha de pensamento desliga o adulto da obrigação de dar ao filho a devida orientação e analisar se os estímulos dispostos diante dos olhos de sua cria realmente são positivos. E ao filho expõe toda e qualquer interpretação tortuosa do que vem a ser vitória e também vencer na vida. Aumentando o estresse de todos com a competitividade viciosa e nociva e a prática do bullying ( https://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying ) aos ditos perdedores ou indivíduos sem aptidão específica para determinada tarefa.
Com a ausência da orientação adequada, a experiência de vida que um adulto deveria passar a seu filho para que este aprendesse que nem tudo precisa ser vivido para ser aprendido, se perde. A criança cresce sem contato com a experiência de vida que realmente lhe ensinaria coisas boas, pois vem daqueles que o amam, e fica cada vez mais exposta à experiência daqueles que só desejam coisas como: vender, enriquecer e controlar através da manipulação de informações e também do conhecimento.
Para aqueles que não entenderam bem ainda, vou exemplificar:
Uma empresa vende mais, independente do que seja seu produto, se incutir na cabeça de cada pessoa idéias como:
Se comprar isso você será um vencedor!
Todos têm. Por que você não?
Seja um vencedor, usando nossos produtos. Temos uma linha especial para você!
Isso se traduz em: vendas, vendas e mais vendas. E proporcionalmente, enquanto o dinheiro entra nos bolsos de quem vende, a capacidade do seu filho de aprender a pensar por si e enxergar que tudo nesta vida tem conexão, vai pelo ralo.
Seu filho sabe lhe dizer porque estuda na escola: Geografia, Física, Matemática, Português, História, Química, dentre tantas outras matérias que não seja com a resposta padrão de que é para conseguir uma boa posição no mercado de trabalho?
Você sabe! Já disse a ele?
Se não sabe. Já se perguntou?
Pense uma coisa. Se você, quando era criança ou adolescente e tinha pessoas que lhe ensinavam sobre a vida, como professores, pais e avós, já era difícil você entender o conselho de um adulto ou um não dele (sabendo o que era um não). Imagine seu filho que dificilmente poderá contar com professores com ensinamentos para a vida (não apenas mercado de trabalho), pais enfiados em rotinas estafantes, ausentes e permissivos e avós que cada vez mais não são respeitados “porque são velhos”?
Mas, não se preocupe! Seu filho está sendo bem cuidado enquando joga exercitando sua covardia e destreza em trapacear. Afinal de contas: É apenas um jogo.